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Benvindo a outro número da Admirável Mundo GNU, de Georg Greve,
Acredito que muitos projetos serão desconhecidos da maioria dos
leitores.
A árvore genealógica do BBS GNU Pipo ultrapassa o YAWK ("Mais uma versão do Citadel"), chegando ao próprio Citadel, apesar de ser completamente independente dele em termos de código. Na verdade, o desenvolvimento do BBS GNU Pipo foi iniciado devido a um desentendimento com Kenneth Haglund, autor de YAWK, por causa de problemas de copyright.
Grégory Vandenbrouck e Sébastien Aperghis-Tramoni eram equipe de desenvolvimento inicial, que trabalhava no BBS GNU Pipo com a ajuda de voluntários como Sébastien Bonnefoy. Depois que Grégory deixou o projeto, Sébastien Aperghis-Tramoni se tornou o mantenedor oficial do projeto.
O BBS GNU Pipo oferece suporte a foruns, envio direto de mensagens, correio, chat, acesso à Web e bots. Para a diversão dos usuários, os bots possuem diferentes personalidades como papagaio, cachorro, ou um pseudo-usuário.
Considero interessante que esses sistemas BBS "envenenados" possam oferecer alternativas viáveis aos portais de Web como o ponto de entrada na rede.
O BBS GNU Pipo já está pronto para uso em produção, e está sendo usado pelo BBS Atlantis em Marselha, França, entre outros. Porém, como o Pipo contém uma quantidade significativa de trechos antigos de programa, Sébastien planeja um code-freeze, ou "congelamento do código", para revisar o código. Em especial, o uso de bibliotecas deve ser aumentado, pois em alguns pontos a roda foi reinventada -- o que não é bom para a manutenção do código.
O único ponto realmente fraco é a documentação. O sistema tem, de fato, mensagens em diferentes línguas, mas o código precisa de documentação melhor. A página inicial e o manual pedem por autores e tradutores.
Antes de mais nada, os puristas podem ter certeza de que vão adorá-lo, pois ele é muito simples e até mesmo minimalista em sua aparência e em seu uso de recursos. Ele é baseado integralmente no ANSI C, com funções Xlib padrão e evita completamente o uso de bibliotecas de widgetes como GTK+ ou Qt.
Porém, mais importante ainda é que ele é uma alternativa aos conhecidos desktops semelhantes ao Windows, apesar deles serem amplamente divulgados. A interface com o usuário do larswm exibe conceitos inovadores e refrescantes.
Alternativas livres como KDE ou GNOME se limitam essencialmente a imitar o desktop do Windows, apesar do KDE ser muito mais próximo do original que o GNOME. Esta não é uma crítica contra KDE ou GNOME, pois eles tornam a mudança para o GNU/Linux muito mais fácil, e abrem perspectivas que nós antes não tínhamos.
Contudo, o GNU/Linux é uma plataforma particularmente adequada a interfaces com o usuário inovadoras, e larswm dá novo alento à experimentação: "Pois o gerenciamento de janelas é trabalho do gerenciador de janelas!"
O desktop é dividido em duas partes. A parte da esquerda é maior e normalmente contém uma única janela, que possui o foco; o que significa que teclas pressionadas e outros inputs são dirigidos para esta janela. A parte da direita contém o resto das janelas como retângulos de igual tamanho. Por esta razão, o larswm é conhecido como o "gerenciador de janelas em telhas".
O suporte ao teclado também é muito bom -- quando apenas aplicativos controlados por teclas são usados, os dedos não têm de deixar o teclado.
Definitivamente, leva tempo para se acostumar ao larswm, mas é verdade que ele tem um bem merecido grupo de fãs, e quem quer que esteja interessado em conceitos alternativos deve experimentá-lo.
Contudo, há um único problema quanto ao larswm. Uma vez que ele foi derivado do 9wm, ele foi forçado a usar sua licença de má aparência. Esta licença chega a falar de Software Livre, mas tem cláusulas que parecem torná-la incompatível com a GPL ou LGPL. Ela também é juridicamente mais fraca, pois o direito à modificação é dado apenas implicitamente -- assim como a proteção da liberdade.
O projeto foi oficialmente terminado em Janeiro de 2001 pelo autor - ele tem pouco tempo livre. O larswm foi uma experiência de criação de um novo conceito de interface com o usuário. A longo prazo ele espera conseguir substituir todo o código da 9wm por seu próprio código, para que o larswm se torne um gerenciador de janelas totalmente independente. Isto deve também ajudar a resolver o problema com a licença. Além disso, Lars espera inspirar outros autores de gerenciadores de janelas, e a motivá-los a implementar conceitos similares em seus programas.
GNUstep é baseado na especificação original do OpenStep criado pela NeXT, Inc. (atualmente Apple), e por isso ele se beneficia de anos de experiência profissional, especialmente pela NeXt e pela Sun. A API é de nível muito alto, além de bem definida. Existem várias histórias de sucesso na qual os desenvolvedores conseguiram escrever aplicativos complexos em tempo mínimo usando GNUstep.
É também muito útil que o GNUstep ofereça APIs de alto nível em torno de alguns dos melhores pacotes de Software Livre, como gmp, OpenSSH e tiff. Além disso, dá um novo sentido ao termo WYSIWYG, pois GNUstep usa, para todas suas saídas gráficas, um modelo unificado de geração de imagens chamado Display PostScript, semelhante à linguagem para impressão PostScript.
Apesar da GUI estar ainda em estado beta, ela já está pronta para uso em produção, e já tem sido usada assim. Os desenvolvedores que não tenham medo de algo um pouco diferente do resto devem se sentir encorajados a experimentar o GNUstep.
Atualmente o desenvolvimento é feito por 3 ou 4 pessoas, com um grupo entre 30 e 40 desenvolvedores enviando reparos de bugs e comentários. As bibliotecas são distribuídas sob a Licença Geral Menos Pública GNU (LGPL); as ferramentas e programas isolados usam a GPL.
No momento, o desenvolvimento está focado no completamento da GUI, e em um porte para MS Windows. Uma vez que GNUstep é compatível em termos de API com o MacOS X (Cocao), é possível desenvolver programas X para Unix e MacOS em paralelo. Com um porte para Windows, será possível desenvolver simultaneamente programas para as três plataformas.
Também é interessante a parte para Web do GNUstep, que usa um sistema similar ao do Apple WebObjects, que torna fácil criar páginas de Web dinâmicas, conectáveis a bancos de dados. Apesar desta parte ser muito nova, ela está quase completamente usável.
Isto me leva ao próximo projeto.
Muitas abordagens baseadas em XML, como por exemplo saxon, permitem apenas um único arquivo de entrada. Por isto, perdem-se as ligações automáticas. Graças a W3Make, vários arquivos fonte XML podem ser canalizados através de uma folha de estilos XSL com a ajuda do saxon, e escritos em vários arquivos de saída HTML.
No centro do projeto está um script Perl, licenciado sob GPL, que analisa os W3Makefiles. Como o nome sugere, eles são muito similares em sintaxe aos Makefiles padrão, o que permite usar o modo Makefile de seu editor predileto para editá-los.
O próprio autor tem usado W3Make com sucesso no site de sua empresa, e em seu site pessoal. Por isso, ele está definitivamente pronto para o uso em produção. Stefan Kamphausen gostaria de incluir em futuras versões um verificador de ligações, ou links, que vai detectar canonicamente as ligações relativas, absolutas locais e remotas na Web, e transcrever uma em termos da outra. Ele também planeja começar a usar os módulos Perl-XML::* em vez do analisador do XSL. Quando essa mudança for feita, ele cogita criar algumas interfaces de plug-in para tornar possível usar DSSL em vez de XSLT.
O próximo projeto tem uma conexão muito direta com a Web.
Baseado no princípio do Software Livre, com o uso da Licença Geral Pública GNU (GPL) e da Licença GNU para Documentação Livre (FDL), os estudantes das séries mais avançadas criam unidades de aprendizado para os estudantes das séries menos avançadas, e para escolas de primeiro grau.
Isto permite que os estudantes das séries mais avançadas ganhem experiência de desenvolvimento e de programação para Web. A reflexão sobre os aspectos pedagógicos durante a criação das unidades de aprendizado também ajuda a refletir sobre a própria forma de aprender. Além disso, o projeto permite introduzir na Internet estudantes e tópicos que normalmente não teriam conexão direta com computadores.
Estudantes das séries iniciais e do primeiro grau ganham uma adição interessante às aulas normais que também ajuda a familirizá-los com a Web.
O web site, ponto central da OpenWebSchool, já contém algumas lições sobre vários tópicos, mas devido à natureza do projeto e a sua juventude, ele obviamente não está completo. Há a necessidade de mais desenvolvedores, e a usabilidade também pode ser melhorada.
A OpenWebSchool é definitivamente um projeto muito promissor, que muito provavelmente será reimplementado em outros países. O próximo passo lógico parece ser uma cooperação internacional, na qual estudantes de um país criem unidades em sua língua nativa para ser usadas por estudantes de outros países.
À equipe original, constituída por Peter Gerwinski, Bernhard Reiter, Werner Koch e por mim mesmo, juntaram-se Frederic Couchet, Alessandro Rubini, Jonas Öberg and Loic Dachary. Já foi planejado o próximo passo para aumentar a equipe.
O ponto central de nosso trabalho nas semanas anteriores foi encontrar a estrutura organizacional correta, e a torná-la real com sua criação. Uma vez que consideramos a transparência como algo muito importante, gostaria de introduzir alguns resultados obtidos até aqui.
No meio da FSF Europa (FSFE) está a organização central, chamada "Hub", que dá a coordenação européia, o escritório e todas tarefas que podem ser centralizadas. Ligados ao Hub estão organizações nacionais que agem em tarefas locais, e oferecem pontos locais de contato para políticos e imprensa.
Para ser independente do populismo, a política de filiação da FSF Europa segue aquela da FSF. Os novos membros são apontados apenas por uma maioria dos membros atuais.
Isto permite trabalhar melhor em conjunto com voluntários, e mais intimamente que o modelo, as organizações locais, os chamados "Capítulos", estão em forte contato com sociedades em geral abertas a todos.
Estas organizações, chamadas "Organizações Associadas da FSFE", fazem grande parte do trabalho básico, e estão fortemente relacionadas com a Free Software Foundation da Europa. Como é possível ter "Organizações Associadas" com diferentes orientações, podem haver várias delas em um único país.
É comum que estas Organizações Associadas estejam associadas também pessoalmente à FSF Europa. Um bom exemplo disto está na França, onde Frederic Couchet, presidente da APRIL, é também chanceler da FSF Europa, e este é a mais alta posição da FSFE na França. A própria APRIL está estabelecida na França há vários anos, e seu trabalho é valioso. Ela agora se uniu à rede como uma Organização Associada da FSF Europa.
Deste modo, as estruturas locais já existentes são protegidas, e colocadas em rede com outras através da FSF Europa. Além disso, isto permite que todos trabalhem proximamente da FSF Europa.
A estrutura de pessoal é projetada de forma a que todos membros da FSF Europa sejam membros do Hub, e se encontrem uma vez por ano. Neste encontro são discutidas e decididas as diretrizes para todas as partes da FSFE. A cada dois anos, são eleitas as posições para toda Europa para Presidente, Vice-Presidente e "Chefe de Gabinete", o qual é responsável por todas decisões relativas ao Gabinete.
A eleição dos representantes locais, o Chanceler e o Vice-Chanceler, é feita nos capítulos locais em seus encontros anuais.
As responsabilidades do Presidente e seu representante, o Vice-Presidente, são o trabalho político e público em escala de Europa, a coordenação da cooperação européia e, quando solicitados, o suporte aos Chanceleres em suas tarefas.
Esta estrutura foi codificada em um estatuto, com a ajuda de um advogado. No momento em que esta coluna está sendo redigida, o estatuto foi entregue às autoridades fiscais em Hamburgo, Alemanha, para se candidatar a instituição sem fins lucrativos.
Depois de completados os últimos passos para a fundação jurídica, o objetivo principal será a criação de organizações locais. Na Alemanha, França, Itália e Suécia já há Capítulos sendo preparados. Áustria e Reino Unido não devem demorar.
Em paralelo, será minha tarefa apresentar a Free Software Foundation Europa em discussões e palestras, para estabelecer contato com organizações e políticos locais. Se você quiser se encontrar comigo em uma destas ocasiões, pode se informar em minha página pessoal sobre minhas datas planejadas e já confirmadas [11].
Envie consultas & perguntas sobre a FSF & o GNU para
gnu@gnu.org.
Existem
outras formas de contactar a FSF.
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column@gnu.org,
envie comentários sobre estas páginas na Web para
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envie outras perguntas para
gnu@gnu.org.
Copyright (C) 2001 Georg C. F. Greve
Traduzido para o português por H. Fernandes
É dada permissão para fazer e distribuir cópias literais deste transcrito desde que o copyright e o texto desta permissão sejam mostrados.
Alterado: 10/03/2001